O Parque Estadual da Pedra Branca é considerado a maior reserva florestal em área urbana no mundo. Compreende um total de 12.500 hectares, onde se destaca o Pico da Pedra Branca, ponto culminante da Cidade com 1024 metros de altitude. SITE NÃO OFICIAL.
"Quero poder deixar esse mundo melhor do que encontrei..."



Prainha e Grumari

Prainha
    A fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro pelos portugueses, em 1º de março de 1565, junto ao Morro Cara de Cão, na entrada da Baía de Guanabara, serviu como base de ataque aos franceses. Com o intuito de proteger a cidade de ataques piratas e após a expulsão dos franceses, em 1567, a cidade foi transferida para o Morro do Castelo, onde os jesuítas se estabeleceram.

   Cercada de montanhas cobertas de vegetação nativa, o santuário ecológico abriga surfistas em busca de ondas radicais e casais que aproveitam a beleza do lugar para namorar. Além de águas limpas, livres de poluição, suas areias têm índices de 100% de qualidade, devido à baixa ocupação e a ausência de elementos poluentes.

APA da Prainha
   A praia, como o próprio nome diz, é de pequena extensão, apenas 0,7 km. Sua área de 166 hectares foi transformada em Área de Proteção Ambiental em 1990. Desde então ambientalistas se mobilizam para preservar o local, tentando limitar a quantidade de veículos nos fins de semana e proibindo acampamentos. A área da APA da Prainha faz parte da Mata Atlântica, além de ser coberta por vegetação de restinga. Na fauna local podemos encontrar espécies em extinção, como o gato-do-mato e papagainhos.

   Em 15 de setembro de 2001, a praia ganhou um centro de lazer – o Parque Municipal Ecológico da Prainha, criado em 1999, foi aberto à visitação pública. Entre as atrações, o Museu do Surfe e trilhas ecológicas. A idéia da construção do Parque surgiu da necessidade de impedir a construção de um condomínio residencial e hoteleiro na região, denunciado pelos surfistas. No local foram construídos banheiros públicos, duchas para banhistas e a sede da administração, onde ficam os guardas municipais do Grupamento de Defesa Ambiental – GDAs.

Parque Municipal Ecológico da Prainha

   O centro de visitantes – uma casa localizada na parte mais alta do parque – é reservado para exposições e palestras. Visitas guiadas com grupos escolares são realizadas pelas trilhas do parque onde já foram plantadas 150 mudas de espécies como, por exemplo, o pau-brasil.

   Em fevereiro deste ano (2002), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente elaborou um sistema de energia solar para o parque, que antes vivia às escuras. São 78 geradores que garantem o fornecimento por até três dias sem sol.

   É uma pena, pois nem todos que freqüentam a praia têm o amor que os surfistas manifestam pelo local. Muitos banhistas desrespeitam as normas ambientais. Restos de comida, embalagens plásticas e de vidro são deixados na reserva com freqüência. Além da sujeira a área também vem sendo depredada. Mudas de plantas nativas são roubadas e a área verde do parque tornou-se alvo de vandalismo.

   Por uma ladeira estreita, seguindo a mesma Avenida em frente a Prainha chega-se a “Praia de Grumari” – a última praia em mar aberto alcançável por veículos na região da Barra da Tijuca. A extensa e selvagem praia, com 2,8 km de extensão, também muito freqüentada por surfistas, tem muita história para contar.

Praia de Grumari

   Ao descer a ladeira nos deparamos com a pequenina praia do Abricó, cercada por muitas pedras próximas a arrebentação e freqüentada pelos amantes do nudismo há alguns anos. Hoje parece que esta prática está proibida, o que vem causando grandes debates, pois quem é contra o nudismo não se conforma em conviver com quem pratica.

Praia do Abricó
   Francisco Alves Siqueira, em seu livro “Os Mistérios do Grumari” nos conta que o nome Grumari deriva da palavra Grumarim. Os índios tupis seguindo a orientação dos africanos, passaram a viver em casebres de taipa ou pau-a-pique. Para construí-los era necessário varas grossas, para assim segurar a massa de barro e proteger a casa dos vendavais oceânicos. Estas varas foram denominadas pelos índios de Grumarim, por serem duras, alinhadas e próprias para flechas. O local onde mais se colhia este arbusto era próximo a uma praia entre o Recreio dos Bandeirantes e Barra de Guaratiba. Por isso foi dado o nome de Grumari ao lugar, “cujo significado é purtácea, madeira amarela, pouco porosa, substituindo o buxo – serve para xilografia e bengala; aquilo que gera varíola ou urticária, coceira – sarna má”.

   Grumari, em seus 951 hectares conta com apenas 136 moradores. Foi descoberto pelo “homem branco” no século XVIII, quando o maior fazendeiro da época – Francisco Caldeira de Alvarenga, filho de João Caldeira, assumiu o controle da região. Francisco deixou para os descendentes a Fazenda do Grumari Grande, uma extensão de 4.820.000 metros quadrados. Foi em meados do século XIX que o café e a mandioca imperaram na região. Após a decadência do café, grandes bananais foram plantados em toda Grumari.

   A comunidade local sobrevivia da caça, da pesca e das lavouras de subsistência. Além de ser um povoado alegre e festeiro, onde danças típicas da época, como o Xote e a Mazurca, eram improvisadas. Porém, a ciranda e a batucada predominavam.

   “A atividade no Grumari era tão intensa e controlada que a produção atingia níveis elevados de produtos colhidos e distribuídos entre os consumidores, tanto assim que num formal de partilha do inventário de Deolinda Maria de Santa Rita e João Caldeira de Alvarenga, processado em 1846, foram avaliados entre outras plantações 40 mil pés de café”.
SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari, p. 17
   “Tem-se conhecimento também que existiam mais de 40 fábricas de farinha de mandioca (farinha de roça como diziam), tudo feito pelo processo manual, usando roda, cocho, prensa, tipiti, forno, pá, rodo etc”.
SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari, p. 17
    A Praia de Grumari tem nas suas extremidades duas lagoas. A Lagoa do Canto e a Lagoa Feia.


Lagoa do Canto e Lagoa Feia
   Na Praia de Grumari, por ser mar aberto, formam-se ondas grandes, assim como na Prainha. Porém, é possível o embarque e desembarque de pequenas embarcações. Dentro de seus limites, localizam-se duas ilhas em frente à praia. A Ilha das Palmas (que possui enseada para abrigo de embarcações) e a das Peças. Todo o ecossistema de Restinga conservado na área de Grumari é considerado pelos estudiosos, um dos mais representativos de todo o Município do Rio de Janeiro.


Ilha das Palmas e Ilha das Peças

   O local hoje é incomparável ao de dois séculos atrás. Na segunda metade do século XIX, exatamente “em 1888 foi criada uma Escola Municipal e uma Agência de Correio e em 1895 já eram duas escolas, sendo que na Fazenda do Grumari Grande as aulas eram ministradas pela própria dona Mafalda Teixeira de Alvarenga”.
SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari, p. 17
   Nos anos de 1960, o exôdo rural deixou praticamente vazio o bairro de Grumari. As escolas deixaram de existir, obrigando as crianças e jovens do local a caminharem quilômetros para estudar, e são poucos os que ainda insistem em lá permanecer, apesar de todas as dificuldades.

Costão do Grumari

   Além das mortes provocadas pela Lagoa Feia, outros mistérios rondam a região. Muitos pescadores desapareciam quando iam pescar nas pedras do costão do Grumari, provavelmente caíam das pedras escorregadias.

    Como já foi citado, Grumari significa coisa má. “Formou-se assim porque ali se colhia as varas com esse nome, e que muito castigaram escravos, além de ser o arbusto preferido pelos índios para as flechas de seus bodoques. Os nativos usaram das mesmas para construção das casas que já desapareceram”.
SIQUEIRA, Francisco Alves, Os Mistérios do Grumari, p. 17
   Grumari herdou a maldição de seu nome. A mata local também sofre com o descaso. Os arvoredos vêm desaparecendo aos poucos, dominados pelo capim colonião que cresce a cada dia. Ao atearem fogo na mata, o capim se alastra mais rapidamente.

   Antigamente, os habitantes cultivavam nas terras, plantavam e colhiam seu sustento, o que conseqüentemente impedia o domínio do capim. Parece que agora, os órgãos ambientais estão querendo reflorestar a região e permitir que moradores locais voltem a trabalhar a terra. Após a cana-de-açúcar, o café e a laranja, o Grumari passou a produzir exclusivamente banana.

   Se seguirmos a Avenida Estado da Guanabara e subirmos a Estrada do Grumari – uma via muito sinuosa e estreita, alcançaremos a Estrada da Barra de Guaratiba e o bairro de mesmo nome. Na encosta da Estrada do Grumari existem trilhas usadas para caminhadas. Porém, o melhor acesso é feito por Barra de Guaratiba.

   Grumari reserva lindíssimas paisagens. A vegetação de restinga, densa e espinhosa, lembra o agreste. O mar bravio e as areias muito brancas complementam o visual. Grumari é um paraíso que atrai muitos visitantes todos os fins de semana. É necessário porém, conscientizá-los da importância da preservação do meio ambiente, além de continuar limitando a entrada de visitantes, pois a capacidade de carga do local é baixa e o bairro não tem infra-estrutura suficiente para suportar um grande número de turistas.

APA da PRAINHA

    Criada através da lei municipal nº 1.534, de 11/01/1990, esta APA está sob a tutela da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

      Com uma área de 166 hectares, a Prainha é delimitada pelas vertentes dos Morros do Caeté, Boa Vista e Pedra dos Cabritos, que compõem uma bela paisagem natural. A área permaneceu praticamente intocada até poucas décadas atrás. Somente a partir de 1970, com a abertura da Avenida Estado da Guanabara, que interligou as Estradas do Pontal e de Grumari, o local tornou-se acessível. Dos 166 hectares, 500.000 m² foram transformados no Parque Municipal Ecológico da Prainha, que vimos anteriormente.

      A idéia de se criar a APA foi motivada pela descaracterização da área, em 1989, pois estava para ser executado um grande empreendimento imobiliário no local. Só assim, o cenário natural pôde ser resguardado. A APA conta com diversas facilidades para os usuários: como mirantes, quiosques, playground, aparelhos de ginástica, cavaletes-suporte para pranchas de surfe, além de sanitários, chuveiros e áreas para estacionamento de carros.
   Os surfistas, espontâneos guardiães da área, são os maiores defensores deste santuário, que abriga espécies raras da fauna e da flora.

APA da Prainha

APA de Grumari

  Além do tombamento estadual em 1985, a APA foi criada através da lei municipal nº 944, de 30/12/86, e está sob tutela da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Os limites são mais amplos do que aqueles definidos pelo tombamento estadual. Abrange parte do contraforte litorâneo do Maciço da Pedra Branca, formando um grande anfiteatro natural voltado para o mar. Dentro de seus limites encontram-se duas ilhas situadas próximas à costa, a Ilha das Palmas e a Ilha das Peças.

   Em seus 951 hectares, a APA conserva o ecossistema de restinga, considerado pelos estudiosos como um dos mais representativos de todo o Município do Rio de Janeiro. A legislação ambiental vigente permite a construção de prédios destinados a pousadas, hotéis e residências, além de outros usos compatíveis com a vocação da área, desde que não promovam o seu desmatamento. Assim como a Prainha, a região só começou a ser procurada pelos banhistas, a partir de 1970 com a abertura da Avenida Estado da Guanabara, que facilitou a ligação litorânea do Recreio dos Bandeirantes com Barra da Guaratiba.

   Desde 1995, a Prefeitura vem realizando ações que visam conter a degradação e promover a recuperação ambiental da área. O Projeto Rio-Orla Ecológico oferece melhores condições de infra-estrutura ao visitante. A orla conta com estacionamentos para carros de passeios em ambos os lados da Avenida Estado da Guanabara. Paralela a estrada, uma outra pista permite a prática de ciclismo e caminhada.

   Para os mais aventureiros existem algumas trilhas nas encostas, usadas para caminhadas e que levam a praias selvagens, mais o melhor acesso é por Barra de Guaratiba.

   Atualmente, a Prefeitura pretende fazer algumas intervenções em Grumari a fim de dar início ao tão sonhado projeto do Parque Municipal de Grumari. Um grupo de trabalho iniciará um projeto detalhado no local abordando questões fundiárias e ambientais. Entre as mudanças, estão a criação de uma Vila Ecológica que irá acomodar as cerca de 30 famílias, pequenos agricultores e pescadores, que vivem nesta APA. A população continuará vivendo em Grumari, só que de forma mais ordenada. Segundo o Secretário de Municipal de Meio Ambiente, Ayrton Xerez para que esta mudança seja feita, a verba terá que passar de R$ 300 mil para R$ 500 mil.

   Este grupo de trabalho fará um levantamento da situação fundiária do parque, do número de visitantes que Grumari costuma receber, um diagnóstico do estado atual da cobertura vegetal da área e o mapa dos lugares de ocupação agrícola e pesqueira. Feito isso, o Grupo vai propor um plano preliminar de gestão do parque, abordando temas como programa de recuperação e conservação de Mata Atlântica e da encosta e de vegetação de restinga.

   Durante a reunião do Plano Estratégico da Barra, foi discutida a idéia de criar o Parque Municipal de Grumari e transformá-lo num local auto-sustentável, onde iria interagir meio ambiente e exploração comercial e turística. Esta é uma das idéias da AMOL – Associação de Moradores da Orla da Tijuca. Com a criação deste Parque, a área de 951 hectares ficará livre de novas edificações, o que servirá como freio para a especulação imobiliária.

APA de Grumari